Pré-eclâmpsia é uma síndrome que acomete vários órgãos, que surge durante a segunda metade da gestação. É caracterizada por pressão alta, perda de proteína na urina e acometimento de algum órgão materno como cérebro, figado, rim e sangue. A história natural é que mulheres que tem pressão baixa comecem ter picos de pressão. Ela ocorre em 2-5% das gestações.
Em um terço dos casos essa condição resulta no parto <37 semanas de gestação (PE pré-termo) e em dois terços o parto ocorre ≥37 semanas (PE a termo).
Verdades e Mitos
* A taxa de pré eclampsia não é reduzida pelo repouso no leito, restrição de atividade física ou hábitos alimentares, incluindo restrição de ingestão de sal ou suplementação alimentar com magnésio, zinco, folato, vitaminas C, D e E ou óleo de peixe.
* A suplementação dietética com cálcio em mulheres com dietas pobres neste mineral pode diminuir pela metade a taxa de pré eclampsia.
* O uso da aspirina foi associado a uma redução de 62% na incidência de pré eclampsia pré-termo e redução de 82% na incidência de pré eclampsia antes de 34 semanas de gestação. A aspirina é na dose de 150 mg/dia na idade entre 11-14 semanas de gestação até 36 semanas e devem ser administrada a noite.
* A aspirina iniciada após 16 semanas não mostrou um benefício significativo.
* Na hipertensão crônica, a aspirina pode não foi útil na prevenção de pré eclampsia pré-termo.
Como prevenir a pré eclampsia?
O tratamento com aspirina (150 mg/dia) tomada à noite entre 12 e 36 semanas reduz o risco de PE pré-termo em cerca de 60%. As pacientes devem ser encorajadas a tomar o medicamento regularmente, porque se a adesão for ≥90%, a redução do risco pode ser de 75%. Mas para administrar a aspirina devemos identificar quais são as pacientes do grupo de alto risco para pré eclampsia que são as pacientes que realmente se beneficiam do uso de AAS.
Quais são as pacientes que se beneficiam com o uso do AAS:
O objetivo do rastreio de PE entre 11-13 semanas de gestação é identificar os casos que se beneficiariam do uso profilático de aspirina, reduzindo o risco de PE pré-termo em mais de 60%.
O rastreio combinado, que possui taxa de rastreio positivo de 10% prevê cerca de 90% de pré eclampsia (<34 semanas), 75% de pre eclampsia pré-termo (<37 semanas) e 45% de pré eclampsia a termo (≥37 semanas).
As mulheres elegíveis para o uso de AAS são aquelas com risco estimado de pré eclampsia pré termo >1 em cada 100. Mas como calcular esse risco?
O risco de pré eclampsia é calculado a partir das características maternas, histórico médico, pressão arterial e em exames de sangue e ultrassom.
Como identificar as pacientes de alto risco para pré eclampsia? Como é realizado o rastreio ou triagem da pré eclampsia?
A identificação dessas pacientes de alto risco para a pré eclampsia é mais efetivo quando é usado o rastreamento combinado que identifica com maior precisão o grupo de alto risco para pré eclampsia, onde a administração de aspirina pode reduzir substancialmente a sua incidência. No rastreio combinado incluímos informações como:
* Ultrassom com 11-13 semanas - doppler da artéria uterina - utiliza-se o índice de pulsatilidade da artéria uterina (PI) que em média é normal até 2,4;
* Exames de sangue - dosagem da proteina A placentária (PAAP-A) e o fator de crescimento placentário (PIGF);
* Características maternas: pressão arterial média (PAM), peso e altura para avaliação do índice de massa corporal (IMC)
* História da paciente:
- história familiar ou pessoal de pré eclampsia
- nuliparidade - mulheres grávidas pela primeira vez ou multíparas (muitos filhos)
- reprodução assistida ou concepção por fertilização in vitro
- diabetes mellitus
- origem racial (negras)
- idades reprodutivas extremas (<18 anos e >37 anos)
- lúpus eritematoso sistêmico
- síndrome antifosfolípide
O objetivo do rastreio de PE entre 20-24 semanas de gestação é estimar o risco específico da paciente em desenvolver PE e definir o manejo subsequente da gravidez, incluindo o intervalo e o conteúdo das consultas seguintes. Isso poderia potencialmente minimizar eventos perinatais adversos naquelas que desenvolvem PE por meio do planejamento do momento e local do parto.
O grupo de alto risco (risco de PE <37 semanas de ≥1 em 100). Este grupo constitui cerca de 10% do total e contém 75% daquelas que desenvolvem PE antes de 37 semanas. O tratamento com aspirina (150 mg/dia) tomada à noite entre 12 e 36 semanas reduz o risco de PE pré-termo em cerca de 60%. As pacientes devem ser encorajadas a tomar o medicamento regularmente, porque se a adesão for ≥90%, a redução do risco pode ser de 75%.
O grupo de baixo risco (risco de PE <37 semanas de <1 em 100). Este grupo, que constitui 90% do total, pode ser tranquilizado, uma vez que, o desenvolvimento de PE antes de 37 semanas é improvável, mas uma nova avaliação do risco às 22 semanas de gestação é necessária.
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