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MEGA CISTERNA MAGNA FETAL

A mega cisterna magna fetal é um achado ultrassonográfico que se refere à ampliação da cisterna magna — uma das principais cisternas de líquor (LCR) localizadas na fossa posterior do cérebro fetal, entre o verme do cerebelo e a tábua interna do osso occipital.


Definição

  • A cisterna magna é considerada aumentada quando mede >10 mm no maior diâmetro ântero-posterior na avaliação axial padrão do SNC fetal (plano do transcerebelo).

  • Esse aumento, quando isolado e sem outras alterações, é denominado mega cisterna magna.


Diagnóstico diferencial

É importante diferenciá-la de outras alterações da fossa posterior:

  1. Dandy-Walker malformation: agenesia ou hipoplasia do verme cerebelar com dilatação da quarta ventrículo e elevação da tenda do cerebelo.

  2. Vermis hipoplásico ou displásico: exige avaliação em plano sagital para ver a anatomia do verme.

  3. Cisto aracnoide retrocerebelar: pode comprimir o cerebelo; geralmente desloca estruturas.

  4. Blake’s pouch cyst: herniação inferior da bolsa de Blake, com verme cerebelar presente e íntegro.


Importância clínica

  • Em muitos casos, é um achado isolado e benigno, sem implicações neurológicas.

  • Contudo, pode estar associada a:

    • Alterações cromossômicas (raro em achado isolado)

    • Anomalias do neurodesenvolvimento

    • Infecções congênitas

    • Síndromes genéticas (ex.: Joubert)



O bebê terá sequelas ao nascer?


Se a mega cisterna magna for isolada:

Na grande maioria dos casos, NÃO há repercussões clínicas. Ou seja, o bebê nasce saudável, com desenvolvimento neurológico normal, sem atraso motor ou cognitivo.

Estudos longitudinais mostram que, quando não há outras alterações associadas:

  • A mega cisterna magna é apenas uma variação anatômica.

  • O cérebro funciona normalmente.

  • O acompanhamento pediátrico e o desenvolvimento neurológico seguem dentro do esperado.

    Quando isolado (sem outras malformações):

    • Mais de 90% dos bebês têm desenvolvimento neurológico normal.

    • Ou seja, <10% podem ter algum grau de atraso motor ou cognitivo — geralmente leve e sem impacto funcional significativo.


Quando pode haver risco de sequelas?


Risco de associação com síndromes genéticas:

  • Quando isolada, o risco de anomalia cromossômica é baixo: cerca de 1 a 3%.

  • Esse risco aumenta significativamente se houver:

    • Outras alterações do SNC

    • Malformações extracranianas

    • Restrição de crescimento fetalAs possíveis repercussões neurológicas só acontecem quando a mega cisterna magna está associada a outros achados, como:


Nesses casos, podem ocorrer:

  • Atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor

  • Déficit de coordenação motora fina

  • Distúrbios de equilíbrio e marcha (em menor número)

  • Alterações cognitivas (mais raro, depende da associação com síndromes)


Mega Cisterna Magna Fetal – Dados de Prognóstico

Casos isolados (sem outras malformações):

  • Mais de 90% dos bebês têm desenvolvimento neurológico normal.

  • Ou seja, <10% podem ter algum grau de atraso motor ou cognitivo — geralmente leve e sem impacto funcional significativo.


Conduta

  • Avaliação detalhada da anatomia cerebral, incluindo plano sagital do cerebelo e verme.

  • Se isolada:

    • Geralmente bom prognóstico

    • Pode-se oferecer aconselhamento genético

    • Acompanhamento com RM fetal pode ser considerado para esclarecer anatomia da fossa posterior.

  • Se associada a outras alterações: investigação genética (ex: cariótipo ou CMA) e seguimento multidisciplinar.


Quais exames solicitar para melhor avaliação


Quando identificamos mega cisterna magna no pré-natal — especialmente durante a ultrassonografia morfológica — é essencial fazer uma investigação cuidadosa para diferenciar um achado isolado e benigno de uma condição associada a outras anomalias.

Abaixo está a lista de exames recomendados para investigação da mega cisterna magna fetal, de acordo com os achados:


1. Avaliação ultrassonográfica detalhada

  • Ultrassonografia morfológica de 2º trimestre (nível III ou com especialista em medicina fetal)

    • Avaliação da fossa posterior em cortes axial, coronal e sagital.

    • Medidas: cisterna magna, cerebelo, verme cerebelar, quarto ventrículo.

    • Avaliação completa do sistema nervoso central e de outros órgãos fetais.

2. Ressonância Magnética Fetal (RM Fetal)

  • Indicações:

    • Quando a avaliação por US não é conclusiva.

    • Quando há dúvida sobre a integridade do verme cerebelar.

    • Para avaliar outras estruturas encefálicas (córtex, corpo caloso, tálamos, etc.).

  • A RM oferece melhor resolução das estruturas da fossa posterior, especialmente no plano sagital.

    3. Exames genéticos (caso não seja um achado isolado)

  • Se houver outros achados morfológicos associados, histórico familiar ou malformações múltiplas:

    • Cariótipo fetal (via amniocentese)

    • CMA (Microarray cromossômico) — mais sensível que o cariótipo para detectar microdeleções/microduplicações.

    • Exoma fetal – indicado em casos complexos ou quando se suspeita de síndromes genéticas específicas.

4. Investigação infecciosa (TORCH)

  • Caso haja calcificações intracranianas, ventriculomegalia ou restrição de crescimento fetal:

    • Sorologias para:

      • Toxoplasmose

      • Citomegalovírus (CMV)

      • Rubéola

      • Herpes vírus

      • Sífilis

      • Zika vírus (se indicado epidemiologicamente)

Resumo prático da abordagem

Situação

Exames indicados

Mega cisterna magna isolada

Seguimento ultrassonográfico + considerar RM fetal

Associada a outras alterações

US detalhado + RM fetal + exames genéticos

Suspeita de infecção congênita

Sorologias TORCH


 
 
 

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