MEGA CISTERNA MAGNA FETAL
- Dra Flavia do Vale
- 27 de mar.
- 3 min de leitura
A mega cisterna magna fetal é um achado ultrassonográfico que se refere à ampliação da cisterna magna — uma das principais cisternas de líquor (LCR) localizadas na fossa posterior do cérebro fetal, entre o verme do cerebelo e a tábua interna do osso occipital.
Definição
A cisterna magna é considerada aumentada quando mede >10 mm no maior diâmetro ântero-posterior na avaliação axial padrão do SNC fetal (plano do transcerebelo).
Esse aumento, quando isolado e sem outras alterações, é denominado mega cisterna magna.
Diagnóstico diferencial
É importante diferenciá-la de outras alterações da fossa posterior:
Dandy-Walker malformation: agenesia ou hipoplasia do verme cerebelar com dilatação da quarta ventrículo e elevação da tenda do cerebelo.
Vermis hipoplásico ou displásico: exige avaliação em plano sagital para ver a anatomia do verme.
Cisto aracnoide retrocerebelar: pode comprimir o cerebelo; geralmente desloca estruturas.
Blake’s pouch cyst: herniação inferior da bolsa de Blake, com verme cerebelar presente e íntegro.
Importância clínica
Em muitos casos, é um achado isolado e benigno, sem implicações neurológicas.
Contudo, pode estar associada a:
Alterações cromossômicas (raro em achado isolado)
Anomalias do neurodesenvolvimento
Infecções congênitas
Síndromes genéticas (ex.: Joubert)
O bebê terá sequelas ao nascer?
Se a mega cisterna magna for isolada:
Na grande maioria dos casos, NÃO há repercussões clínicas. Ou seja, o bebê nasce saudável, com desenvolvimento neurológico normal, sem atraso motor ou cognitivo.
Estudos longitudinais mostram que, quando não há outras alterações associadas:
A mega cisterna magna é apenas uma variação anatômica.
O cérebro funciona normalmente.
O acompanhamento pediátrico e o desenvolvimento neurológico seguem dentro do esperado.
Quando isolado (sem outras malformações):
Mais de 90% dos bebês têm desenvolvimento neurológico normal.
Ou seja, <10% podem ter algum grau de atraso motor ou cognitivo — geralmente leve e sem impacto funcional significativo.
Quando pode haver risco de sequelas?
Risco de associação com síndromes genéticas:
Quando isolada, o risco de anomalia cromossômica é baixo: cerca de 1 a 3%.
Esse risco aumenta significativamente se houver:
Outras alterações do SNC
Malformações extracranianas
Restrição de crescimento fetalAs possíveis repercussões neurológicas só acontecem quando a mega cisterna magna está associada a outros achados, como:
Nesses casos, podem ocorrer:
Atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor
Déficit de coordenação motora fina
Distúrbios de equilíbrio e marcha (em menor número)
Alterações cognitivas (mais raro, depende da associação com síndromes)
Mega Cisterna Magna Fetal – Dados de Prognóstico
Casos isolados (sem outras malformações):
Mais de 90% dos bebês têm desenvolvimento neurológico normal.
Ou seja, <10% podem ter algum grau de atraso motor ou cognitivo — geralmente leve e sem impacto funcional significativo.
Conduta
Avaliação detalhada da anatomia cerebral, incluindo plano sagital do cerebelo e verme.
Se isolada:
Geralmente bom prognóstico
Pode-se oferecer aconselhamento genético
Acompanhamento com RM fetal pode ser considerado para esclarecer anatomia da fossa posterior.
Se associada a outras alterações: investigação genética (ex: cariótipo ou CMA) e seguimento multidisciplinar.
Quais exames solicitar para melhor avaliação
Quando identificamos mega cisterna magna no pré-natal — especialmente durante a ultrassonografia morfológica — é essencial fazer uma investigação cuidadosa para diferenciar um achado isolado e benigno de uma condição associada a outras anomalias.
Abaixo está a lista de exames recomendados para investigação da mega cisterna magna fetal, de acordo com os achados:
1. Avaliação ultrassonográfica detalhada
Ultrassonografia morfológica de 2º trimestre (nível III ou com especialista em medicina fetal)
Avaliação da fossa posterior em cortes axial, coronal e sagital.
Medidas: cisterna magna, cerebelo, verme cerebelar, quarto ventrículo.
Avaliação completa do sistema nervoso central e de outros órgãos fetais.
2. Ressonância Magnética Fetal (RM Fetal)
Indicações:
Quando a avaliação por US não é conclusiva.
Quando há dúvida sobre a integridade do verme cerebelar.
Para avaliar outras estruturas encefálicas (córtex, corpo caloso, tálamos, etc.).
A RM oferece melhor resolução das estruturas da fossa posterior, especialmente no plano sagital.
3. Exames genéticos (caso não seja um achado isolado)
Se houver outros achados morfológicos associados, histórico familiar ou malformações múltiplas:
Cariótipo fetal (via amniocentese)
CMA (Microarray cromossômico) — mais sensível que o cariótipo para detectar microdeleções/microduplicações.
Exoma fetal – indicado em casos complexos ou quando se suspeita de síndromes genéticas específicas.
4. Investigação infecciosa (TORCH)
Caso haja calcificações intracranianas, ventriculomegalia ou restrição de crescimento fetal:
Sorologias para:
Toxoplasmose
Citomegalovírus (CMV)
Rubéola
Herpes vírus
Sífilis
Zika vírus (se indicado epidemiologicamente)
Resumo prático da abordagem
Situação | Exames indicados |
Mega cisterna magna isolada | Seguimento ultrassonográfico + considerar RM fetal |
Associada a outras alterações | US detalhado + RM fetal + exames genéticos |
Suspeita de infecção congênita | Sorologias TORCH |
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